
A edição de ontem da revista Nature é acompanhada por uma notícia intitulada «Greenhouse-gas levels accelerating», que dá conta de uma aceleração no ritmo de emissão de CO2 para a atmosfera. Enquanto na década de 90 se verificou uma aumento anual das emissões de cerca de 1.3%, o boom económico do século XXI - especialmente na China e na Índia - foi acompanhado por um boom equivalente nas emissões de gases de efeito de estufa, cerca de 3.3% ao ano a partir de 2000.
Pep Canadell, que lidera o Global Carbon Project e publicou um dos estudos analisados nesta notícia, sugere ainda que os tanques de carbono da Terra, especialmente os oceânicos, já não funcionam tão eficientemente como em meados no século passado e por isso menos CO2 atmosférico é retirado do sistema:
«Há cinquenta anos, se emitissemos 1 tonelada de CO2, os tanques [como os oceanos] removiam 600 quilogramas. Agora removem 550 kg e esta quantidade está a diminuir».Outro dos artigos mencionados na notícia da Nature, publicado no Journal of Geophysical Research, reitera as afirmações de Canadell. Ute Schuster e Andrew Watson, da Universidade de East Anglia em Norwich, utilizaram dados recolhidos por instrumentos colocados em navios comerciais para concluir que em algumas zonas do Atlântico Norte a capacidade do oceano para remover CO2 diminuiu para menos de metade desde meados dos anos 90.
A descoberta dos dois cientistas surge apenas três meses após outra equipa ter descrito que o mesmo se passa no Oceano Polar Antártico. Esta diminuição drástica na capacidade de absorção de CO2 nos oceanos sugere que nem o tratamento de emergência prescrito por James Lovelock para a «patologia do aquecimento global» será suficiente para reduzir os níveis de CO2 na atmosfera terrestre.